segunda-feira, 7 de julho de 2008

Indignação com a Revista Veja

Amigos.

Indignado com a falta de consciência da Revista Veja para com seus leitores, focando única e exclusivamente no seu bolso, segue um desabafo que escrevi ontem (domingo) visando extravasar o que estava sentindo junto a esse respeitável (???) veículo.

Esse artigo eu não quis publicar em nenhum dos sites que gentilmente tem aberto espaços para mim, afinal estou aqui esboçando um descontentamento com um dos maiores e mais respeitáveis veículos de comunicação do país e não quero envolver nenhum desses meus parceiros (mundo do marketing, Webinsider, SemBrasil, Apadi, Grupo de Mídia administradores e adnews) nesse desabafo.

No último final de semana, almoçando na casa dos meus pais, peguei a revista Veja em mãos. Há tempos tenho visto que a Veja São Paulo está muito mais grossa que a Veja, fato muito influenciado pelo “boom” do mercado imobiliário. São dezenas de anúncios de apartamentos em todas as regiões da cidade, de todos os tamanhos, gostos e preços.

Mesmo sendo um publicitário eu acho um absurdo o que a Veja tem feito com seus leitores. A Veja deixou de ser uma revista de notícias para ser uma revista de classificados e anúncios!

Na FTPI Representações, empresa onde eu trabalho atualmente, nós representamos veículos de comunicação, são mais de 150 veículos entre rádio, jornal e outdoor. Em nosso portifólio temos o prazer de ser parceiro do Jornal Balcão, um dos maiores e mais respeitados veículos do mercado de Minas Gerais. O Jornal custa R$ 2,50 e tem mais de 25 mil classificados por edição, além de diversas propagandas. O seu objetivo é esse, ser um jornal de classificados.

A Veja tem se tornado isso, mas com um preço mais salgado de cerca de R$ 9,90 por edição.

Voltando a revista Veja edição de número 2076 de 02 de junho de 2008, fiquei abismado com a quantidade de propagandas e o quão invasiva elas estão. O leitor está sendo bombardeado a toda página por diversos clientes, em diversos segmentos. Me senti andando em um shopping Center, onde eu olhava havia uma marca se comunicando.

Na minha opinião de publicitário que já trabalhou como mídia em grandes agências como Publicis Brasil, Salles Chemestri e NeogamaBBH eu não sei se realmente faria um anúncio na Veja, mesmo que sem dúvida o retorno desse veículo seja muito bom, a quantidade de marcas, anúncios são tantas que o leitor acaba ficando tão perdido e não sei se fixa realmente o seu anúncio.

A revista dessa semana tem 142 páginas. Logo nas 6 primeiras páginas temos o Bradesco, Kia Motors e Philips, ou seja, mal começou a ver a revista e já foi bombardeado com 3 marcas totalmente diferentes, abordando produtos e públicos diferentes. Esse é o efeito da mídia de massa, lança-se a isca no cardume esperando pescar alguns exemplares de peixes, mas essa prática de anunciar nas primeiras páginas é algo de praxe no mercado, inclusive são as páginas mais caras, entretanto normalmente se vendia a 2ª e 3ª páginas. Agora inclui a 4ª,5ª e 6ª. A partir daí começa o abuso. Logo na página seguinte, no que era para ser uma coluna Carta ao Leitor, onde algum editor escreveria uma carta para o leitor de página inteira, foi dividida em 2 para que a H.Stern anuncia-se uma jóia. Viramos a página e a Batavo está lá lançando um iogurte com zero de açúcar.

A Veja tem uma área muito interessante, as páginas amarelas, com entrevistas sempre interessantes e bem feitas, mas essa também é dividida por uma página dupla com o Banco do Brasil, assim, quando você está lendo a entrevista, se interessando é interrompido por mais um anúncio. Sabe quando você está assistindo aquele filme de suspense e na hora que o detetive vai anunciar o nome do assassino, entra o “Plim Plim” da Globo? O Banco do Brasil acaba de fazer isso. Continuando a folhar a revista, logo após o final da entrevista das páginas amarelas, essa semana com o Sr. Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Lula, entra em cena a página dupla da Hyundai SantaFé, seguida da página simples com o editorial da revista – que por causa de tanto anúncio saiu na página 18 apenas, bem ao lado do anúncio de LuftalMAX. Próximas páginas e a opinião de Claudio de Moura Castro é dividida com a Hyundai novamente divulgando que o NYTimes testou e aprovou o Azera2009 e isso sem mostrar uma imagem do carro. E eu com isso? Claro, que logo que você vira a página um anúncio de página dupla do carro aparece e na cola já vem a CVC lançando uma promoção para Cancún ao lado da coluna do Millor Fernandes (que após escrever falando mal de publicitários deveria ter sido banido de uma revista que vive a base do material feito por esses profissionais). Mais uma página dupla, como o Peugeot 307 Sedan, seguido de um anúncio, também duplo da AlmapBBDO e sua atuação em Cannes.

O que houve com a seção Cartas? Antes página dupla, agora uma página ao lado da “oferta especial Dell” e logo na seqüência 4 páginas da Natura TodoDia. Então a seção continua em mais duas páginas cortadas por uma Liquidação da TokStok, virando a página, mais uma dupla da Ford Ecosport, seguido por uma página da Castrol. E não ache que a seção cartas parou por ai, segue em mais uma página, dividindo espaço com o Boston Medical Group, abre espaço para um informe publicitário (na minha opinião um anúncio disfarçado para dar mais “credibilidade”) do Grupo Cequipel, depois claro que há espaço para a Editora Abril, detentora da Veja anunciar suas revistas lançadas na semana e finalmente temos a 1ª página frente e verso sem nenhum anúncio, dando continuidade a seção Cartas, mas para compensar esse “deslize” uma outra página frente e verso mostra a Editora COC e uma página dupla do Nissa Tiida.

A página Veja.com sempre teve uma página, e se manteve, mas na outra a LG Scarlet está presente.

Pausa para refelxão. Aqui estamos na página 50 da Veja, já se foram 36% da revista e apenas 14 páginas são conteúdo, isso incluindo 5 páginas de conteúdo com publicidade no meio, assim, dentre as 50 primeiras páginas, só 20% - 10 páginas - são de conteúdo!!

Continuando estamos na seção Holofote, até ai tudo bem, manteve-se o editorial de sempre, mas na página seguinte a seção contexto é dividida pela metade, em cima conteúdo, embaixo a Vivara, virando a página a Coluna Radar. Sempre com a mesa diagramação, uma área até então limpa de anúncios, com notícias rápidas e destaque para o excelente “sobe e desce”, pois bem, o HSBC tomou conta da área de baixo da página, exatamente onde a área por mim citada estava. Essa está exprimida no canto direito da página, para que o banco apareça, virando a página, um anúncio duplo de Casas Bahia e na seqüência a seção Veja Essa, que se manteve livre de anúncios! Ufa, até que enfim! Vira-se a página e o Novo Gol salta aos nossos olhos. Então, na página 62, dentro de 142, FINALMENTE começam as seções da revista com conteúdo! Da página 62 a 74, por incrível que possa parecer não fui impactado por nenhuma marca. Será que posso dizer impactado ou incomodado? O Ponto Frio em uma página simples quebrou essa seqüência, então parece que voltamos ao ponto inicial, pois da página 76 a 78 há uma matéria e logo em seguida Intel vem se mostrar. Mais duas páginas de matéria e Papinhas Nestlé se faz presente. Coluna Radar em página dupla, assim como a seção Veja essa se mantém “virgem” de anúncios, para compensar o IV Congresso de Publicidade anuncia em página dupla. Uma página inteira anuncia o falecimento da Dona Ruth Cardoso – sem anúncios, graças a Deus, era só o que faltava, mas porque só uma pequena nota para o falecimento de uma das mais importantes artistas do país, Silvinha Araújo? Acho que não tinha espaço... aliás, só para um adendo, como a Veja não se importa com o falecimento de artistas. Na época que faleceu o maior e melhor humorista de todos os tempos do Brasil, o inigualável Ronald Golias, o destaque foi o mesmo. Uma nota pequena na seção Datas. Palhaçada!

Uma página dupla da Revista da Semana dá iniciou a uma seqüência de 6 páginas de conteúdo até que a Gafisa apareça. Uma página de matéria, 3 páginas de anúncio da Rede Record, mais uma matéria, uma página sobre Abril Pequim 2008 e já estamos na página 106. Uma matéria, uma página dupla do Criança Esperança da Rede Globo e finalmente a reportagem especial de capa com 12 páginas de conteúdo, terminada 2 páginas da Coleção 7 maravilhas da editora Caras, mais 2 páginas de anuncio da Veja (não riam, é isso mesmo, a Veja está fazendo uma página dupla sobre ela mesmo na própria Veja. Acho que falta anúncio, né?) Segue o Guia Veja 3 páginas de conteúdo e logo a seguir o novo Navegador 4 Rodas. Da página 130 a 133 o tema cinema é discutido, então uma página dupla da AbrilSac entra. Mais 3 páginas de conteúdo e o Grande Livro de Decoração Casa Cláudia toma conta de uma página. Veja Recomenda, Ensaio de Roberto Pompeu de Toledo e fim da Veja. Claro que há espaço para a contra-capa e a 4ª capa com a loja SCA de móveis e Pega Leve da Schin, aliás, porque o departamento de vendas da Veja também não PEGA LEVE com os anúncios?

Vamos ao resumo da edição

Total: 142 páginas

Total de conteúdo: 76 páginas

Total de anúncios: 66 páginas

Total de páginas de conteúdo com anúncios: 7

Ou seja, da Revista apenas 54% é página de conteúdo, e se formos focar mais ainda, páginas apenas de conteúdo mesmo, sem nenhuma vírgula de propaganda são 49%... nem metade da revista é feita de conteúdo!!! São anúncios, anúncios e mais anúncios.

São bancos, carros, medicamentos, alimentos, imobiliárias, computação, televisões, lojas de varejo, tem de tudo um pouco!

Isso é invasivo demais ao leitor, que compra a Veja por um preço bem alto até para LER NOTÍCIAS e não ver anúncios!

Por isso, que cada vez mais as pessoas estão migrando sua leitura para a web e para blogs que podem sim ter anúncios, acho válido, claro, mas não ser um shopping Center onde para qualquer lugar que se olhe há alguém vendendo algum produto!

Força na WEB!!!

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